PF sequestra bens de suspeitos de tráfico internacional de drogas e diz que objetivo é ‘descapitalizar efetivamente o grupo’

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As investigações apontam que dinheiro levantado pelo grupo era lavado e investido em diversas áreas. Segundo o delegado Danilo Robatto, o grupo tinha núcleos voltados para a criação de gado. Operação da PF mira grupo que enviava cocaína para outros continentes
A segunda fase da operação Flak, realizada nesta quarta-feira (27) pela Polícia Federal, teve como objetivo a apuração dos crimes de lavagem de dinheiro e a descapitalização do suposto grupo criminoso responsável pelo tráfico internacional de drogas. O principal investigado é João Soares Rocha, que é considerado foragido. O g1 tenta contato com a defesa dele.
O dinheiro levantado pelo grupo era lavado e investido em diversas áreas. Segundo o delegado Danilo Robatto, o grupo tinha núcleos voltados para a criação de gado em fazendas e administração de postos de gasolina. Casas de câmbio e agências de turismo também eram usadas para lavar o dinheiro.
“Como o grupo criminoso era especializado no tráfico internacional de drogas, eles recebiam em moeda estrangeira, geralmente dólar americano. Eles precisavam de alguém no país para internalizar e circular esse dinheiro no país. Se utilizavam de casas de câmbio e empresas de turismo para fazer esse câmbio paralelo”, disse.
Dólares apreendidos em operação da PF contra tráfico internacional de drogas
Nesta nova etapa da operação foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão emitidos pela 4ª Vara da Seção Judiciária do Tocantins. Também foi determinado sequestro de diversos bens, fazendas, 19 aviões e bloqueio de contas bancárias de 41 pessoas.
As empresas de turismo e câmbio também teriam sido usadas pelo grupo criminoso para comprar aeronaves utilizadas no tráfico internacional de cocaína.
“O objetivo principal da operação nesta fase e descapitalizar efetivamente o grupo criminoso porque ao longo dos anos eles vêm se utilizando de técnicas de lavagem de dinheiro para poder dar aparência de licitude ao dinheiro auferido no narcotráfico”, explicou o delegado.
Dólares foram apreendidos pela polícia durante operação
PF/Divulgação
João Soares Rocha chegou a ser preso na primeira fase da operação, em 2019, mas foi liberado pela Justiça. O delegado explicou que após sair da cadeia ele teria sido mandante do assassinato de um ex-policial federal em Goiás e por isso teve um novo mandado de prisão emitido, sendo considerado foragido e procurado até pela Polícia Internacional.
“O João Rocha liderava um grupo criminoso especializado no tráfico internacional de drogas através do modal aéreo. Eles adquiriam aeronaves, cooptavam pilotos brasileiros e iam buscar drogas, em especial cocaína, junto aos fornecedores da Colômbia, Venezuela e Bolívia. Essa droga era trazida para o Brasil e remetida, também pelo modal aéreo para alguns países como Honduras, Suriname, além da América do Norte, África e Europa”.
Veículos foram apreendidos pela PF
PF/Divulgação
Nova fase
Nesta segunda fase da Operação Flak são cumpridos mandados contra pessoas e empresas em Goiânia (GO), Tucumã (PA) e São Felix do Xingú (PA). Parentes de João Soares Rocha e supostos laranjas, além de empresários, são alvos das ordens judiciais.
A investigação é contra uma organização criminosa que supostamente faz o tráfico internacional de drogas a partir dos países produtores, como a Venezuela, Bolívia, Colômbia e Peru, até países de passagem ou destinatários finais como o Brasil, Honduras, Suriname. Também havia transporte para países da América do Norte, África e Europa.
Para executar o tráfico, o grupo criminoso adquiria aeronaves, registrava em nome de “laranjas”, contratava pilotos e controlava aeroportos clandestinos.
Fazendas foram sequestradas pela PF em operação contra o tráfico de drogas
PF/Divulgação
Operação Flak
O grupo criminoso começou a ser investigado em 2018 depois que uma aeronave com 300 quilos de cocaína foi apreendida em Formoso do Araguaia. O principal investigado, apontado como chefe da quadrilha, é João Soares Rocha.
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Durante a investigação a polícia descobriu que o grupo comprava e adulterava aeronaves para transportar drogas no Brasil e em outros países. João Soares Rocha possuía de fazendas, aviões, postos de combustíveis e até um hangar.
As investigações indicam que a rota do transporte de drogas passava pelos países produtores (Colômbia e Bolívia), países intermediários (Venezuela, Honduras, Suriname e Guatemala) e países destinatários (Brasil, Estados Unidos e União Europeia). Pistas no Tocantins também eram usadas pelo grupo.
Também em 2018, a polícia conseguiu encontrar uma espécie de submarino improvisado no Suriname. A embarcação, que podia carregar entre 6 e 7 toneladas, poderia ser utilizada pela para levar drogas para Europa e África.
No ano seguinte o grupo foi alvo de uma megaoperação da Polícia Federal que fez 28 prisões e apreendeu 11 aeronaves. O suposto líder do grupo, João Soares Rocha, chegou a ser preso, mas ganhou liberdade e é considerado foragido.
Rota da droga movimentada por quadrilha alvo da Operação Flak, da Polícia Federal
Wagner Magalhães/G1
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Fonte: G1 Tocantins